Descobertas nos mares virtuais

Puré De Maçã... A Menina E A Mulher

De um lado o polegar, do outro, os quatro dedos seguravam tremulamente a transparência do copo, onde o liquido se continha entre goles e soluços. Encostou o contorno do frio vidro na pele morna dos seus lábios, e deixou que o calor do álcool ardesse na garganta, onde ardem as palavras, embargando o coração onde se embebedam os sentidos. Contemplou tudo ao seu redor, absorvendo de cada detalhe os acasos e os propósitos, convidando sua retina a trazer e reter dentro de si mesmo todas as coisas. Podia observar com amplidão, sem que precisasse mover a cabeça, podia sentir com magnitude, sem que precisasse expor as emoções.
O piano e os violinos conversavam entre cordas e teclas, convidando os corpos a se aproximarem, para que conversassem também, entre passos, abraços, laços, traços definindo-se em cumplicidades diversas. Era assim que os casais rodavam suas cabeças, fincavam seus corações.
Um braço bem desenhado, da cor do mar e do sol, envolvia a cintura fina, da fina menina que suspirava por ele. Um braço descansava suavemente sobre o ombro nu, enquanto a mão acariciava um pescoço que se insinuava timidamente sob os cabelos pretos. Um ombro nu despia-se de sua própria pele e entregava-se às caricias molhadas dos lábios sensuais, num apelo tão ardente, que até o ardor da paixão se torna insignificante. Fecha-se os olhos, fecha-se a porta, liberta-se a carne. Apaga-se a luz, acende-se o desejo.
A música parecia interminável, e as suas costas estavam coladas às costas da cadeira. O copo, com seu conteúdo reposto, permanecia na mão tremula de quem sente esvaírem-se tremulas esperanças. Não conseguiria suportar por muito tempo mais, a visão daqueles dois corpos que quase se convertiam em um só, manipulando o diálogo do amor. Comovia-se com a tristeza que lhe visitava o peito, e lhe povoava todos os membros em anseios de outros membros.
Arrependia-se, embora tardiamente, de ter guardado em seu intimo um sentimento tão forte, mas não o expusera à tempestuosidade da paixão, com receio da ausência de reciprocidade, e agora chorava sobre o leite derramado, sobre a perda consumada, não a perda do que se tem, mas a perda do que tanto se desejou, do que tanto se esperou, e que tão inesperadamente se perdeu.
O casal dirigia-se à mesa. As mãos e os olhares entrelaçados. Baixou os seus e apertou assuas. Conteve as lágrimas. Reteve o sangue que ainda lhe corria nas veias.
- Perdão por termos abandonado você! O assunto era sério, precisávamos chegara um acordo! Resolvemos ficar juntos, após uma longa conversa.
Fato consumado na evidência do pranto derramado nas entranhas do coração. A auto-estima supera a fragilidade da emoção com a gélida força da razão, e como apelo, busca na capacidade de performance o disfarce que o ajudará a sustentar o intimo e pessoal constrangimento da situação.
- Devo parabenizá-los então, por duas coisas!
A voz dela, sempre tão melodicamente sensual, soa como um gume afiado que dilacera as esperanças:
- Aceitamos os parabéns, mas gostaríamos de saber a que eles se referem.
- Evidentemente que, em primeiro lugar pela vossa decisão, embora este primeiro lugar não estabeleça a ordem dos fatos, mas sim o peso destes. Em segundo, pelo nível de telepatia que vocês desenvolveram, e ao qual chegaram, pois apesar da longa conversa que dizem acabar de ter, não me pareceu que tivessem proferido uma única palavra.
Eles riram. Ele apenas sorriu.
-Vocês podem ir... terminar a conversa. Eu vou ficar mais um pouco.
Sustentou o rosto dela perto do seu, e beijou-a na testa.:
-Seja feliz por mim! - disse sem querer, mas querendo mais que tudo.
Segurou a mão dela, e apertou-a, numa tentativa de prolongar os segundos. Fixou os olhos nos dela, e sorveu deles toda a energia que lhe foi permitida, para que ficasse depositada em algum canto de sua vida, a total entrega deste adeus.

Mergulhado na nostálgica e dolorida recordação deste dia, Carlos esboça um sorriso e deixa emergir todo o contentamento de uma esperança que se renova.Descasca 6 maçãs e corta-as em quatro. Bate-as no liquidificador com1/2 xícara de água. Numa panela, derrete uma colher (de sopa) de margarina para refogar um dente de alho moído, (sem deixar fritar, para que não amargue). Despeja na panela o pure de maçã, acrescenta uma colher (de café), de noz-moscada moída, uma colher (de sopa) de mel, e uma pitada de sal. Deixa ferver, mexendo sempre. Inspira o aroma agridoce que exala fumegante, tampa a panela, e reserva-a para depois acompanhar o filé de frango grelhado.
A campainha toca. A porta se abre. A menina se transformara em mulher. A paixão contida, mas não enfraquecida, se denuncia nas expressões exacerbadas do reencontro.

(Autoria:
http://www.sensibilidadeesabor.com.br/; Cris da Silva.)

O que dizer depois de ler uma receita descrita em um conto tão maravilhoso como este? Encontrei por um acaso do Destino esta receita envolta neste conto maravilhoso, enquanto eu navegava nos mares virtuais. E como não poderia deixar de lado, vi-me obrigada a vir deixar a minha opinião sobre esta receita este local. É fascinante em todo seu conteúdo visitar. "Folhear" cada receita contida ali. Cada receita contém uma história diferente. Esta e outra receita que li mais cedo me chamaram muita atenção. A outra é uma receita de Macarrão com Frutas (
http://www.sensibilidadeesabor.com.br/macarraocomfrutas.html), que também me pareceu deliciosamente apetitosa esta receita. é Interessante também encontrar filmes que envolvem a culinária que Cris da Silva fez questão de indicar. Acreditem... Vale a pena navegar neste local.
Cya Folks e boas receitas para todos!

0 comments: